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Construtivismo (aplicado à aprendizagem)

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Enquanto teoria sobre como as pessoas aprendem, a abordagem construtivista deriva da concepção de [[Conhecimento]] como construção da experiência pessoal, e não como reflexão ou representação de uma realidade independente: as pessoas constroem sua própria compreensão e conhecimento do mundo, através da experiência de coisas e refletindo sobre essas experiências.
Enquanto teoria sobre como as pessoas aprendem, a abordagem construtivista deriva da concepção de [[Conhecimento]] como construção da experiência pessoal, e não como reflexão ou representação de uma realidade independente: as pessoas constroem sua própria compreensão e conhecimento do mundo, através da experiência de coisas e refletindo sobre essas experiências.
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'''Veja também:''' [[Conhecimento // [[Teoria da “Equilibração”]]
==Referências==
==Referências==

Edição de 17h53min de 15 de fevereiro de 2018

Ementa

Enquanto teoria sobre como as pessoas aprendem, a abordagem construtivista deriva da concepção de Conhecimento como construção da experiência pessoal, e não como reflexão ou representação de uma realidade independente: as pessoas constroem sua própria compreensão e conhecimento do mundo, através da experiência de coisas e refletindo sobre essas experiências.

Veja também: [[Conhecimento // Teoria da “Equilibração”

Referências

Para Piaget: Desde que nasce (ou seja, a partir do momento que interage com a realidade), o indivíduo constrói conhecimento. O indivíduo é ativo e, ao longo da vida, procura conhecer e compreender o mundo que o cerca. Na educação, uma das grandes contribuições do construtivismo de Piaget é que a aprendizagem não acontece de forma passiva pelo aluno, cabendo ao professor, como sujeito mediador, criar circunstâncias para essa aprendizagem.
Assim, para a Epistemologia Genética (Piaget), o conhecimento não acontece apenas como resultado da experiência única com os objetos ou da programação inata (pré-formada) do sujeito, mas a partir de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas; isso significa que as formas primitivas da mente - biologicamente constituídas -, “são reorganizadas pela psique socializada”, ou seja, há uma relação de interdependência entre o “sujeito conhecedor e o objeto a conhecer”.
Logo, conhecer é transformar o objeto e transformar a si mesmo. E sendo assim, o desenvolvimento cognitivo só será efetivo (verdadeiro, concreto) se houver uma intensa relação entre o sujeito e o objeto. Nesse sentido, as estruturas cognitivas do sujeito não nascem prontas e, consequentemente, a construção do conhecimento necessita constantemente da interação entre os sujeitos e os objetos. Se o objeto perturbar, interferir na estrutura do indivíduo, este não ficará acomodado e criará uma futura assimilação do objeto que resultará em sucessivas adaptações do indivíduo ao seu meio e, consequentemente, no seu desenvolvimento cognitivo.
Da perspectiva construtivista, o aprendiz é o ponto de partida para a aprendizagem, e o professor (mediador) tem a função de incentivar, viabilizar, provocar e ajudar a criar condições para a construção do conhecimento. O mediador recorre a procedimentos democráticos com criatividade e dinamismo; esse personagem conhece e aplica técnicas variadas e adequadas para cada aprendiz. O mediador sabe que a aprendizagem não depende de fórmulas e definições acabadas e que a aprendizagem depende também do ensaio e do erro, de pesquisa, do desafio e da solução de problemas – sem fórmulas prontas. O conhecimento não é transferido pelo meio social; jamais alguém poderá transferir conhecimento, e sim, informação. Nessa perspectiva, a educação de qualidade é aquela que cria condições para o desenvolvimento total do sujeito em seus aspectos, afetivos, cognitivos e afetivos.


“Numa perspectiva construtivista, considera-se que o conhecimento se constrói progressivamente através da interacção entre o sujeito e o meio. O conhecimento não se adquire por uma interiorização de um determinado significado exterior dado, mas sim pela construção a partir de dentro de representações e interpretações adequadas, pelo que é importante encontrar sentido nos factos (estabelecer relações). [...] A escola deve incentivar a acção dos alunos (captar, relacionar, integrar, conferir sentido, recriar informação), a tomada de iniciativa pessoal e o desenvolvimento da autoconfiança. Deve incentivar um ensino que tenha significado do ponto de vista do aluno, que o leve a encontrar as respostas às suas perguntas, através da experiência, raciocínios, críticas, confrontação de pontos de vista.
A escola que defende uma perspectiva construtivista parte dos conhecimentos prévios dos alunos e leva-os a construir o seu conhecimento, a encontrar valores morais, seja através da criação de oportunidades de trocas de pontos de vista ou da expressão de opiniões. Considera o sujeito aprendente, os seus objectivos e possibilidades de aprendizagem, utilizando o conflito cognitivo e sócio-cognitivo, a descoberta, a procura, a curiosidade, a pesquisa, como formas de aprendizagem e de construção de regras. Gera sentimentos de competência, promovendo auto-imagens positivas.
Esta escola centra a atenção no sujeito, incentivando-o a encontrar informação por si mesmo. Fomenta o aprender a aprender, desenvolve a capacidade dos sujeitos para realizarem aprendizagens significativas por si mesmos, num vasto conjunto de situações e circunstâncias. Valoriza a aquisição de estratégias cognitivas de exploração e de descoberta, de planificação e de regulação da própria actividade. Incentiva a formulação de hipóteses, de experimentar e de raciocinar sobre dados e sobre o sentido das coisas. Fomenta o aprender a pensar, [...] valorizando o processo, a auto-reflexão, o controlo pessoal e a consciencialização do próprio processo.
A meta principal da escola de hoje não é, assim, ensinar conteúdos, mas desenvolver competências que permitam ao sujeito alcançar sucesso pessoal e profissional. [...] Nesta óptica activa e cooperativa ensinar será conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem, propor tarefas complexas e desafios que incitem (todos) os alunos a mobilizar os seus conhecimentos e, em certa medida, a completá-los. Como defende Freire (2004, p. 22), ‘(…) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção’.“ (DIAS, 2010).


“Embora, a teoria social da aprendizagem de Vygotsky não introduza nada de radicalmente diferente em relação à teoria construtivista de Jean Piaget [...] tanto Vygotsky como Piaget partilham a visão construtivista, assente na ideia de que a única aprendizagem significativa é a que ocorre através da interacção entre o sujeito, o objecto e outros sujeitos (colegas ou professores). As outras formas de aprendizagem, como sejam a imitação, a observação, a demonstração, a exemplificação e a prática dirigida são colocadas em lugar secundário tanto por Piaget como por Vygotsky. O que verdadeiramente distingue Vygotsky de Piaget é a descrença do primeiro em relação a uma hierarquia de estádios do desenvolvimento cognitivo tão estanque e determinista como a que Piaget desenvolveu. Vygotsky, à semelhança do que mais tarde faria Jerome Bruner, dá, igualmente, maior relevo aos contextos culturais e ao papel da linguagem no processo de construção de conhecimento e de desenvolvimento cognitivo. De resto, há muitas semelhanças” (MARQUES, 2007).


O homem é acima de tudo social e, consequentemente, o conhecimento é social, ou seja, a comunicação, a linguagem, o raciocínio são adquiridos no contexto social. A aprendizagem significativa acontece por meio da interação entre o sujeito, o objeto e outros sujeitos (professores e alunos). Logo, o contexto social, a linguagem e comunicação são relevantes no desenvolvimento cognitivo do sujeito; ou seja, os indivíduos usam instrumentos que estão nos seus contextos sociais, e dentre esses instrumentos têm a linguagem como mediadora entre eles e o ambiente social. Cabe ao professor criar condições e oportunidades para que os alunos aumentem suas competências e conhecimento, mas a partir do que eles já sabem; na interação com os seus pares (colegas); e por meio de uma aprendizagem cooperativa.


Fontes

ARGENTO, H. Teoria construtivista. Disponível em: <http://penta3.ufrgs.br/midiasedu/modulo11/etapa2/construtivismo.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2017.

BECKER, F. O que é construtivismo?. Revista de Educação AEC, Brasília, Ano 21, n. 23, abr/jun.1992.

______. Da ação à operação: o caminho da aprendizagem em J. Piaget e P. Freire. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A: Palmarinca, 1997.

DIAS, I. S. Competências em educação: conceito e significado pedagógico. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v.14, n.1, p.73-78, jan./jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v14n1/v14n1a08>. Acesso em: 14 jul. 2017.

FREITAS, M.T.A. de. Vygotsky e Bakhtin: psicologia e educação: um intertexto. São Paulo: Ática, 2000.

MARQUES, R. A pedagogia construtivista de Lev Vygotsky (1896-1934). 2007. Disponível em: <http://www.eses.pt/usr/Ramiro/docs/etica_pedagogia/A%20Pedagogia%20construtivista%20de%20Lev%20Vygotsky.pdf >. Acesso em: 24 jul. 2017.

PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central do desenvolvimento. 1976.

______. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

TERRA, M. R. O desenvolvimento humano na teoria de Piaget. Disponível em: <https://docs.google.com/file/d/0BxgqoVhThgkqOHR5aE00TWlScU0/view>. Acesso em: 1 ago. 2017.

VALENTE, J. A. Aprendizagem continuada ao longo da vida: o exemplo da terceira idade. In: KACHAR, V. (Org.) Longevidade – um novo desafio para a educação. São Paulo: Cortez, 2001.

VYGOTSKY, L. Mind and society: the development of higher mental processes. Londres: Englewood, 1978.