Comunidade Virtual de Aprendizagem e/ou Comunidade Virtual de Prática
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Ementa
Grupos de pessoas que interagem on-line para compartilhar experiências e informações, de forma colaborativa, com o objetivo de desenvolver boas práticas e novas soluções para determinados problemas e, assim, construir o conhecimento. Seus membros são ligados por interesses comuns, por um sistema de valores e um código de moral que lhes proporcionam um senso de identidade e de pertencimento.
Veja também: Comunidade Virtual de Aprendizagem e/ou de Prática: Unidades de Comunicação // Participante da CVA (Comunidades Virtuais de Aprendizagem) // Suportes Pedagógicos de uma Comunidade
Referências
Comunidades e suas características (por Wenger): “As Comunidades possuem um sistema de valores e um código de moral que proporcionam aos seus membros um senso de identidade e de pertencimento; formadas por pessoas ligadas por uma expertise e interesses comuns; compartilham experiências, informações e trabalham de maneira criativa, objetivando desenvolver boas práticas e novas soluções para determinados problemas. Esses grupos de pessoas possuem responsabilidades no processo, têm interesses no aprendizado gerado e, fundamentalmente, na aplicação prática desse aprendizado.
A Comunidade possui as seguintes características: empreendimento comum, envolvimento mútuo, repertório compartilhado. e só existe quando possui um grupo de pessoas engajadas em concretizar um empreendimento comum (ação).
Para que uma comunidade possa surgir e fluir, é imprescindível haver participação responsável de seus membros, benefícios claros para os seus participantes, interesse de todos no conteúdo proposto e uma vontade de aprender mutuamente. Nesse caso, é fundamental estabelecer um clima de confiança entre os seus membros para que floresçam as trocas de informações e experiências.
Nas comunidades, é fundamental a presença de mediadores, os quais criam circunstâncias para uma boa interface de comunicação e interação e, com isso, podem evitar a evasão dos seus participante.
A espontaneidade pode não ser o meio eficiente para gerar conhecimento, mas, com o auxílio adequado de mediadores, poderemos trabalhar melhor a informação e, com esse recurso, obter qualidade e quantidade de conhecimento.
Uma comunidade possui as seguintes características: domínio de conhecimento (os participantes têm um empreendimento comum; isso os mantém juntos); participação (os participantes compartilham informações e experiências na busca de alcançarem o empreendimento comum); e prática (uma comunidade não é somente uma comunidade de interesses; é imprescindível que seus membros desenvolvam um empreendimento comum, por meio de um repertório compartilhado de recursos, experiências, informações, ferramentas. etc.). A prática nessas comunidades é um processo interacional, isto é, seus participantes realizam tarefas conjuntas e aprendem mutuamente por meio do compartilhamento de informações, experiências, habilidades e competências.
As comunidades possuem diferentes níveis de participação e, dependendo do envolvimento de cada participante, apresentam diferentes níveis de aprendizagem. Dependendo do nível de pertencimento (participação), os seguintes grupos: grupo nuclear (pequeno grupo que tem como tônica a paixão pelo que faz e, consequentemente, possui um grande envolvimento); grupo com adesão completa (grupo que é reconhecido pela comunidade, em virtude de suas contribuições e envolvimentos, e que define o andar da comunidade); grupo com participação periférica (grupo que pertence à comunidade, mas que tem menor envolvimento; em algumas vezes, seus membros são novatos ou, então, não têm envolvimento com a prática).
As comunidades têm como características recorrer ao trabalho do broker, que pode ser um indivíduo que tem pluri pertencimento e, em decorrência disso, faz conexões com outras comunidades de prática, objetivando trazer novas possibilidades e oportunidades para os propósitos de determinado grupo. O papel do broker é complexo e extremamente saudável para uma comunidade, uma vez que envolve a cooperação, a coordenação, a tradução e a conexão das várias contribuições, e promove a construção de novos saberes. Assim, ao acessar uma comunidade, o broker ‘oxigena’ as interações, pois, por meio de sua condição de pluri pertencimento, injeta nos novos grupos olhares para concretizar uma determinada prática.
Quando um indivíduo pertence a uma comunidade de prática, ele se encontra em um território familiar, uma vez que sabe se relacionar com os outros membros e é reconhecido por suas competências. A identidade na prática mostra-se a partir de uma reciprocidade da participação e é um trabalho contínuo. Comunidades bem-sucedidas possuem uma identidade bem-acentuada de seus membros.
Além das características antes enumeradas, outros elementos fundamentais e próprios de uma comunidade de prática são: - Presença e visibilidade: uma comunidade de prática precisa ser presente e visível, com informações disponíveis a qualquer momento, na vida de seus membros. - Ritmo: uma comunidade tem seu ritmo de trabalho e rituais que reafirmam suas ligações e valores. - Eficiência de envolvimento: as comunidades de prática competem com outras prioridades que estão inseridas nas vidas de seus membros. - Criação de valores: os membros de uma comunidade de prática têm compromisso de longo prazo com seu desenvolvimento. - Conexões com o mundo: uma comunidade de prática pode conectar-se com outra área mais ampla ou com outra comunidade com a qual seus membros têm interesse de partilhar informações e experiências. - Pertencimento: o valor do pertencimento é não apenas instrumental; é também pessoal. O interagir com os colegas desenvolve um ciclo de amizades, confiança e bem-estar. -Desenvolvimento da comunidade: as comunidades de prática evoluem conforme os estágios que desenvolvem e as conexões que estabelecem com o mundo. -Construção ativa da comunidade: comunidades de prática bem-sucedidas geralmente possuem uma pessoa ou grupo nuclear que assume a responsabilidade por fazer a comunidade andar.
Percebo também, com o olhar em minha prática, que uma comunidade de aprendizagem só sobrevive se houver um foco – afinidades de interesses –, se houver participantes responsáveis, unidos espontaneamente, compromissados, que queiram aprender e envolvidos com a colaboração (participação) e que objetivam um empreendimento coletivo. Nesse espaço, não existem hierarquias, e a gestão do conhecimento deve ser uma preocupação constante. Os participantes dessa comunidade possuem identidade na prática (reciprocidade da colaboração e no trabalho contínuo)” (TAVARES-SILVA, 2006).
Diferenças entre Comunidade Virtual de Aprendizagem e Comunidade Virtual de Prática “As comunidades de aprendizagem e as de prática são, ambas, de aprendizagem; entretanto, há uma distinção entre esses dois ambientes: aquela enfatiza a "colaboração"; e esta, a "cooperação". É fundamental ressaltar que uma comunidade virtual de prática não pode existir se não houver uma comunidade virtual de aprendizagem. A comunidade virtual de prática está inserida na comunidade virtual de aprendizagem.
Um dos fundamentos para a existência e valorização das comunidades é que estas auxiliam a alavancar estratégias organizacionais e, muitas vezes, podem transformar-se em uma das principais impulsionadoras das estratégias de gestão do conhecimento. Então, as comunidades podem auxiliar as estruturas formais nas escolhas dos novos empreendimentos e na resolução rápida de problemas, uma vez que sabem a quem perguntar e, com isso, ajudam na escolha e elaboração das melhores práticas. Seus componentes têm como objetivo trocar experiências e informações, ajudar uns aos outros, ajudar no desenvolvimento de projetos, ajudar a resolver problemas e assumir compromisso de agregar ao ambiente as melhores práticas. Nas comunidades virtuais de aprendizagem, as paredes e as barreiras são metaforicamente derrubadas, uma vez que não há horários e espaços previamente fixados para a troca de informação.
Uma comunidade de aprendizagem só sobrevive se houver um foco – afinidades de interesses –, se houver participantes responsáveis, unidos, compromissados, que queiram aprender e envolvidos com a colaboração/cooperação (participação) e que objetivam um empreendimento coletivo. Nesse espaço, não existem hierarquias, e a gestão do conhecimento deve ser uma preocupação constante. Os participantes dessa comunidade possuem identidade na prática (reciprocidade da colaboração e no trabalho contínuo). Todavia, reitero que os participantes, quando adultos, aprendem quando o assunto, o foco, possui um valor imediato, uma utilidade para enfrentar problemas reais de sua vida pessoal e profissional. Esse foco cria circunstâncias para o envolvimento, a presença, dos participantes e a visibilidade, pois eles sabem que as informações estão disponíveis no ambiente a qualquer momento. Percebo também, pela minha prática, que os participantes passam a ser “donos” zelosos desses espaços e fazem de tudo para que a chama das interações não arrefeça e, com isso, possam utilizar esse ambiente ao longo dos anos (continuidade), ou seja, os membros dessas comunidades têm compromisso de longo prazo com o seu desenvolvimento (criação de valores). Para Wenger (1998), uma comunidade de prática possui as seguintes características: empreendimento comum, envolvimento mútuo, repertório compartilhado e só existe quando possui um grupo de pessoas engajadas em concretizar um empreendimento comum (ação).” (TAVARES-SILVA, 2006).
Comunidade Virtual de Aprendizagem (ênfase na “colaboração”) É por meio da comunidade virtual de aprendizagem que as pessoas se conhecem, se aproximam, verificam interesses comuns e, com isso, formam grupos que objetivam a construção de um projeto. A elaboração de projeto é feita na comunidade virtual de prática. A comunidade virtual de aprendizagem é um espaço em que são criadas redes de aprendizagem colaborativa para discussão o conteúdo de um curso e, com isso, permitir o compartilhamento de idéias e atividades sobre os temas de um curso, por exemplo. Nessa comunidade, os participantes colaboram e ajudam o outro, mas sem terem a necessidade de operação e o envolvimento mental, no sentido de escreverem juntos e chegarem a uma solução juntos. (retirado de TAVARES-SILVA, 2006).
Comunidade Virtual de Prática (ênfase na “cooperação”) "O contexto deve ser adicionado à informação para produzir significado. Se quisermos avançar, não devemos nos limitar a apenas olhar para a frente, mas também devemos aprender a olhar ao redor. O aprendizado ocorre quando membros de uma comunidade de prática constroem socialmente sua compreensão de algum evento ou texto e depois compartilham seu entendimento com os outros” (discurso de John Seely Brown, citado em HARDIN,2001). O conceito de cooperação é mais complexo, uma vez que a colaboração está incluída na cooperação, mas o contrário não se aplica. Cooperar é operar juntos, na visão piagetiana, ou seja, fazer uma obra juntos (operar mentalmente juntos). Por exemplo, pensem em cinco pessoas carregando um piano. Se não houver coordenação de forças, locais das forças, equilíbrio, etc., os envolvidos não carregarão o piano. Ao carregarem o piano, eles estão operando juntos! Eles estão “cooperando”. Cooperar exige o ajuste de cada uma das operações executadas por cada um dos parceiros, por meio de reciprocidade ou de complementaridade das operações (independentemente de suas naturezas qualitativas, físicas, de valores etc.). É coordenar todas essas operações em um só sistema operatório (Piaget, 1973). A cooperação exige o engajamento mútuo dos participantes em um esforço coordenado para juntos resolverem o problema. Na cooperação, a tarefa é dividida em subtarefas independentes em que cada um executa uma parte. É importante na produção do projeto a explicitação do que cada participante faz e como faz, ou seja, é importante ter a noção do todo, porém explicitando as partes. A cooperação exige o engajamento mútuo dos participantes em um esforço coordenado, para juntos resolverem o problema (nos cursos da Fundap, a produção de um projeto). Na cooperação, a tarefa é dividida em subtarefas independentes, em que cada um executa uma parte. É importante na produção do projeto a explicitação do que cada participante faz e como faz, ou seja, é importante ter a noção do todo, porém explicitando as partes (retirado de TAVARES-SILVA, 2006).
Fontes
HARDIN, S. John Seely Brown: leveraging the social life of information in the E-Age: idea sparkers. Bulletin of the American Society for Information Science and Technology, [S.l.], v.27, n.3 p.15-17, Feb./Mar. 2001. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/bult.197/full>. Acesso em: 24 ago. 2017.
PIAGET, J. Estudos sociológicos. Rio de Janeiro: Forense, 1973.
TAVARES-SILVA, T. A Educação baseada no paradigma da produção em massa, de servidores do Estado de São Paulo, via cursos on-line: a comunidade virtual de aprendizagem como recurso para valorizar e resgatar a capacidade de pensar, interagir e construir do aprendiz. 2006. 295 f. Tese (Doutorado em Educação - Currículo) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006.
WENGER, E. Communities of practice: learning, meaning and identity. Nova York: Cambridge University Press, 1998.
WENGER, E.; SNYDER, A. W. Jr. Communities of practice: the organizational frontier. Harvard Business Review, New York, v.75, n.1, p.98-136, Dec./Jan. 2000.